quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

O Verdadeiro Natal

Estamos próximos a mais um momento de transição dentro das tradições cristãs que guiam nossa nação, momento esse, adaptado a nossa cultura desde a chegada de nossos colonizadores lusitanos. Influência feita a ferro e fogo pela incisiva atuação da Companhia de Jesus, que procurava assegurar a todo custo a influência da Igreja Católica Apostólica Romana nesse Novo Mundo pagão, com seus deuses provindos dos mitos criados pelos verdadeiros proprietários dessa próspera terra pouco depois batizada de Brasil.
            O temor da expansão de outras crenças justificava o extermínio dos cultos que veneravam entidades diferentes e não conheciam o Nazareno? Onde a fé se torna fanatismo e desencadeia a intolerância? Perguntas como essa trazem por si só a pré definição da resposta mas, na verdade não seriam esses os apontamentos objetivados nesse texto.
            Venho escrever sobre o momento em que vivemos, o momento do Natal Cristão, época em que segundo seus seguidores, O Enviado a cerca de dois mil anos atrás nasceu de uma mortal para semear a Boa Nova em meio aos homens. Sentimentos como a compaixão, fidelidade e sacrifício deveriam ser direcionados a todas as formas de vida, o responsável pela proposta pereceu na cruz com o objetivo de exemplificar o valor e a procura de um bem maior que o pessoal.
            Analisando a ideia como um fato verídico ou como um ensinamento filosófico é perfeitamente possível perceber o quanto a disseminação desses dogmas foram importantes para a concepção de uma sociedade mais harmônica e justa. A ambição maculou esses preceitos e o que deveria ser uma pregação de esperança se tornou uma tirania através do poder incontestável da Igreja Católica durante mais de um milênio que se aproveitava da submissão de seus seguidores menos instruídos.
            Profundas transformações ocorreram, Impérios caíram e novos surgiram sob o signo mesmo que deturpado, das propostas feitas por Cristo. Todos encaram o Natal como um periodo reflexivo, no qual devemos analisar nossas falhas, corrigi-las e renovar nossas esperanças em caminhos menos tortuosos. Claro que o consumismo fez questão de se aproveitar desses momentos, uma linguagem perfeitamente conhecida num mundo capitalista é nunca perder a possibilidade de se obter mais e mais lucro.
            As crianças conhecem vagamente a História cheia de significado do Cristo, pois rogam por um personagem travestido de símbolo do Natal que é conhecido como Papai Noel, um ser que presenteia com algo físico a boa conduta e não com conhecimento. A cada dia é perceptível uma sociedade mais fragmentada, mais carente de vontade, de compreensão, de tolerância, de conhecimento.
            Creio que tudo isso esteja perfeitamente relacionado a perda desses exemplos, a perda daquilo que fora conhecido em tempos áureos, de sociedades que floresciam sob esses preceitos e sob o auto conhecimento. Hoje somos como crianças perdidas, que mal compreendem a diferença entre o TER e o SER, perdemos a fé em tudo, incluve em nós mesmos, nos deixamos corromper, assimilamos apenas as adjetivos bestiais como a competitividade.
            De nada vale uma reflexão momentânea e forçada em uma determinada data, já não aguento mais a hipocrisia da mídia, que transformam “famosos” em doadores de presentes para criancinhas carentes em orfanatos, tornam pessoas tão vazias quanto o estômago de milhares de pessoas que morrem na África em verdadeiros exemplos de benevolência.
            A palavra Natal, etimologicamente significa nascimento, não relaciono ao nascimento de um único ser, mas sim ao nascimento das nossas virtudes, que estão mortas em em meio ao nosso egoísmo nauseante. Isso não deve ocorrer somente nesse período, deve ocorrer agora e sempre que for necessário, renovando nossos valores sempre. Talvez assim nos tornemos melhores e tenhamos de fato um FELIZ NATAL DE VERDADE!


Por Valdinei Matos''''

Um comentário:

  1. Cara, simplesmente sensacional, muito bom sua visão do Natal. Vc resumiu em linhas o que historiadores, jornalistas, mestres letrados tentam fazer em suas matérias e reportagens todos os anos, mas só conseguem nos encher de falsas esperanças. Obrigado pela sua sinceridade, é o mínimo que podemos fazer diante dessa bela obra.
    Parabéns mesmo cara!!!

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