sábado, 18 de setembro de 2010

Nossos Livros de Fé!

              Agora pouco assisti o filme “O Livro de Eli”, que chamou bastante a atenção. A trama gira em torno de Eli (Denzel Washington), que vive num período pós apocalíptico sob o controle de alguns tiranos que monopolizam recursos primários como água e até mesmo o conhecimento.
             O cenário sombrio e caótico é perfeitamente bem trabalhado com cenas que nos fazem realmente imaginar o verdadeiro impacto de acontecimentos desse aspecto para o mundo. Mas o que definitivamente me impressionou foi a questão da fé no filme, pois Eli aceredita que recebeu uma missão de trazer esperança ao mundo levando o último exemplar da Bíblia até onde poderia ser novamente espalhado entre os sobreviventes gerando um sentimento de esperança.
            No caminho, Eli passa por problemas com os tiranos já que os mesmos acreditavam que se tivessem o livro, com certeza sua dominação sobre o povo seria expandida a nível global.
            Meu objetivo não é discutir a qualidade do filme, mas sim a respeito da fé na vida de todos nós. È inegável que a fé surte, surtiu e surtirá efeito na humanidade assim como o fato de que esses efeitos podem ser salitares e prejudiciais.
            A fé pode ser confundida com a submissão completa a qualquer credo gerando o fanatismo e intolerância com relação a outros seguimentos, quando voltamos nossas atenções depois de uma análise dos argumentos utilizados no Oriente Médio para o incessante derramamento de sangue entre palestinos e israelenses, fica clara a utilização da fé da população simples para justificar um conflito de interesses econômicos.
            No filme, o tirano se utilizava também do conhecimento para dominar a população, a cena em que ele se encontra lendo uma biografia de Mussolini foi de uma ironia estridente. Mas o que mais interessa é o argumento do mesmo para a procura obsessiva da Bíblia: “Nem sempre eu sei o que dizer as pessoas, lá eu terei o que elas precisam ouvir, pois são de mente fraca e religião é poder”.
            O próprio Marx escreveu algo a respeito: “A religião é o ópio do povo”. Tudo isso me leva a pensar até que ponto nossa sociedade é dependente desses dogmas, não somente católicos, mas a todas as formas de alienação. Realmente temos forças para construir nosso futuro sem depender de algo? Nos equilibramos bem nessa linha tênue? Diferenciamos perfeitamente a religião da fé ou tornamos esses conceitos sinônimos?
            Compete a cada um de nós definir e controlar bem a face dessa tão complicada questão inerente a vida de cada um de nós, seres racionais.
            Considero o ponto relativo não só ao excesso como também ao aspecto da falta completa da fé, deixando a ideia de que a mesma não se confunda com religião. Independentemente do que se acredite, é primordial a existência desse sentimento, pois não conseguimos viver totalmente sem o mesmo. Acreditando em nossas forças ou em algo acima de nossa total compreensão é que encontraremos as forças suficientes, afinal a vida se caracteriza de superação de nossas capacidades, sem a importância real de onde tiramos essa vontade.
            Nesse contexto ela é perfeitamente comparável a determinação, uma determinação medida de forma consciente, respeitando a determinação do outro, pois a partir daí é onde se pratica a tolerância, que também nos leva a evolução pessoal.
            Com o livro, Eli pretendia trazer esperança, mas ele mesmo, no final da jornada percebe que o que realmente geraria a possibilidade de um rompimento com os paradigmas do seu contexto seria a consciência de cada um. Somente assim, a fé estaria não somente num livro, mas no coração de todos os homens, homens que teriam fé em suas próprias mãos para construir o melhor e mais justo.
            Com essa análise, percebi que os livros nos auxiliam, mas não como guias incontestáveis de nossa fé, e sim como um primeiro passo para podermos escrever nossos próprios equilibrados e conscientes livros de fé!


Por Valdinei Matos''''



3 comentários:

  1. Parabéns Dinei, mais um texto mto bom.

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  2. Muito bom o blog.
    Obrigado pelas palavras.

    Quando puder, passei em meu mundo, um tanto que Metafórico:

    http://papelmetaforico.blogspot.com

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  3. noossa e eu que escrevo bem né ... kkkkkkkk ...o texto tá mais do que ótimo! Perfeito, vou até assistir o filme.
    Parabéns, vou ser sempre sua fã! ;*

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