quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Espectros


Apresento-me como um espectro, isso mesmo, pois analisei profundamente minha essência e não considero outro termo melhor para me designar, espero que compreendam o porquê ao longo do texto.
O grande culpado pela fome, pela violência, pela perda da própria humanidade em si é o governo! Claro, é muito mais fácil jogar a responsabilidade sobre os ombros de alguém do que ter a coragem de direcionar essas ferrenhas críticas a nós mesmos.
Nunca estamos equivocados! Jamais perdemos a razão! Ou pior ainda, quando há a consciência do erro, a vaidade não nos permite ter coragem suficiente de assumir nossos erros. Esse mal nos domina além de gerar monstros em nossas almas que com o passar dos anos se tornam maiores e mais cruéis, que tem por único objetivo golpear sem a menor questão de piedade, o coração das pessoas que nos amam.

A ira nos sobe a cabeça em determinadas situações: como não ter um acesso de raiva quando percebemos que as promessas eternas não passavam de coisas de momento, que com o passar dos dias se tornam banais e utópicas? Mas nunca reconhecemos que talvez nós mesmos tenhamos criado essa ilusão, supervalorizando sonhos com o propósito de fugir da realidade.

Quando aquela gula desenfreada nos domina, não no aspecto alimentar, mas a voracidade do conhecimento. Querer mais conhecimento não é um sentimento nobre? Seria plausível perguntar-se o quanto desse conhecimento é realmente adquirido para nossa evolução, como algo absorvido e não apenas engolido.

Como não se sentir injustiçado diante de alguém que tem tudo, invejando seus bens? Se pergunte antes se realmente lutou de corpo e alma, com todas as suas forças por seus objetivos, sem desistir nem um minuto sequer.

A mesquinhez, a preocupação quase que absoluta com o dinheiro não seria algo normal nesse mundo capitalista, onde não se vive sem esse bem? Há coisas que o dinheiro não compra como o amor, o sorriso, a amizade, a saúde, são essas coisas que realmente tem valor.

A indolência não seria o mais inocente dos pecados? Quem nunca teve preguiça de cumprir obrigações cotidianas? Isso é extremamente perigoso, se adquirirmos preguiça de analisar nossos defeitos, nossas responsabilidades, com certeza nos tornaremos escravos do incapaz, esquecendo completamente de quem somos e o que podemos fazer.

Como resistir e não se encontrar completamente dominado pela luxúria, o prazer pelo excesso movido por uma atração desenfreada tão comum? Seria muito mais pertinente finalmente percebermos que o segredo de uma vida cômoda e feliz se encontra na parcimônia, no equilíbrio.

O brio, o orgulho não se caracteriza como um sentimento nobre e digno por mostrar convicção? Talvez seja esse o pior de todos os males, com o orgulho se mata o mais nobre de todos os sentimentos: a humildade.

Como foi descrito acima, é fácil saber o que se fazer, mas conhecer os males da alma e seus sintomas não é o suficiente para se ter um caminho tranqüilo no decorrer da vida. Todos nós, inclusive eu, sabemos que ninguém age dessa maneira, cometemos exatamente esses erros várias e várias vezes. Sem percebermos, através do livre arbítrio que Deus nos concedeu, nos tornamos nossos piores inimigos.

Quer a verdade? Pois bem, somos um bando de crianças gordas e mimadas, dominadas pela ira, gula, inveja, avareza, preguiça, luxúria e uma série de outros hábitos imaturos.

Não temos o menor motivo para culpar alguém por nossas derrotas, não devemos levar cargas desnecessárias conosco, devemos eliminar de nossos corações todos os sentimentos infames, amores frustrados, ofensas, feridas do nosso passado. Talvez estejamos no momento de pedirmos perdão, aos que ferimos, mas principalmente, a nós mesmos, nos presentear com a chance de sermos melhores do que estamos sendo. Carregar esses sentimentos já não me parece sensato, chega de permanecer vivendo algo que já morreu faz tempo, o sofrimento é algo natural, mas a linha entre o mal que eu mesmo alimento e o fato é tênue.

Na verdade, depois de terem lido esse texto, creio que concordem assim como eu que não passamos de sombras do que poderíamos e deveríamos ser. Todos somos apenas espectros de seres humanos, pois não usamos todo o potencial que temos para sermos mais altruístas, mais amáveis, ou seja, mais verdadeiramente humanos.

Isso mesmo, eu, você, nós somos sem sobra de dúvidas, IMPERFEITOS...

Reconhecermos isso para mim seria um primeiro passo importante!



Por Valdinei Matos''''

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