segunda-feira, 7 de março de 2011

O Lobo do Homem!

            
            Em pouquíssimo tempo, fomos capazes modificar totalmente a face do solo que foi ofertado para nossa sobrevivência. Partindo do nosso constante desconforto com o mundo que nos cercava, procuramos verdades, sonhamos ao contemplar o fogo, aquele enigmático ser que venerávamos como se fosse um presente dos deuses, deuses esses que concebemos para melhor acalmar nossos corações pulsantes, mais do que nunca atrás de uma explicação.
            Éramos presas, caçados constentemente por feras que se alimentavam de nossa carne, mas sobrevivemos, aprendemos a lutar por nossas vidas. Algo dentro de nós já não era mais o mesmo, algo que nos colocava um passo a frente de todos...Tínhamos vontade, estávamos pensando, o instinto se tornara algo secundário, ajudava a nos manter vivos mas não era efetivamente o que nos guiava.
            Crescemos, em pouco tempo as feras não mais nos caçavam como presas fáceis pois agora sabíamos lutar, suas garras, sua velocidade e tamanho não eram mais páreos para nossa astúcia e nos tornamos os senhores do mundo.
            Formamos impérios, lutamos com o bronze, o ferro e tudo o que aprendemos para sermos superiores aos nossos irmãos, nos matamos e evoluímos cada vez mais no sentido de dominar tudo o que nossos olhos alcançaram. Em pouquíssimo tempo, mudamos o cenário natural, com grandes construções que comprovavam nossa capacidade incalculável de criar.
            Nossas crenças mudaram, e da nossa razão surgiu a ciência que tanto trouxe progressos para nossa raça, nosso poder de destruição transcendeu os limites do planeta, assim como nosso conhecimento que chegou ao nível de até mesmo suplantar os deuses do pretérito.
            Hoje, nos proclamamos Deuses Supremos de tudo o que existe nesse mundo, os únicos portadores do maior dom de um ser vivo, a razão!Vangloriando-nos disto a cada dia nos afundamos mais num problema criado por nós mesmos, com a razão nos tornamos mais bestiais, mais selvagens e brutais que nunca.
            Com o uso da suprema razão, nos matamos diariamente num cruzamento de ruas quando estamos atrasados pro trabalho, num bar devido a uma discussão ligada a um jogo de futebol ou mesmo numa briga descontrolada com os pais. Ficamos tão orgulhosos de nossos progressos que em algum momento dessa escala evolutiva vertiginosa dos últimos milênios, nos perdemos em nosso próprio ego, com a vontade tão primordial de evoluir que nos esquemos de evoluir como humanos de verdade.
            A bestialidade, a barbárie não está intimamente ligada à falta de razão mas sim a falta de emoção, a falta de consciência da existência do outro. Perdemos a muito tempo essa noção, nos esquemos que na verdade evoluídos para não só melhorar nossa condição de extrema desvantagem diante dos desafios dos primórdios, mas evoluímos para sobreviver e deixarmos herdeiros de nossa vontade sobre a terra.
            Afinal de contas, a diferença entre uma besta que ataca sem pestanejar com um homem que puxa o gatilho nada mais é do que o simples fato de que um está sobre quatro e o outro sobre duas patas! Ou nos norteamos quanto a isso, ou como já foi dito, no futuro lutaremos com paus e pedras como verdadeiros animais irracionais.


Por Valdinei Matos''''