domingo, 21 de novembro de 2010

O Gatilho do Perigo

 
             Como já relatei na minha descrição, trabalho a cerca de dois anos diretamente com educação, atuando como professor de História, apesar da minha pouca experiência na área e minha paixão pela profissão não posso deixar de lado as críticas que venho fomentando a respeito da educação em nosso país.
            Óbviamente levo em consideração que nosso país é extremamente jovem com relação aos sofisticados e eficientes sistemas de ensino europeus e norte americanos. Não deixo de considerar como foi-me ensinado e também como eu mesmo observei no estudo da disciplina que ministro, que cada sociedade, cada país, cada povo tem um processo diferente de formação de suas instituições, de seus valores e conceitos que são produzidos através de diversos acontecimentos passados.
            Nosso país foi concebido sob o signo do sistema colonial de exploração desenfreada da metrópole (Portugal), que jamais se preocupou em trazer as vantagens da já desenvolvida sociedade européia, até mesmo o esforço louvável dos jesuítas tinha como fundo um tipo de exploração, que era a obtenção de mais fiéis ao catolicismo e não a formação de uma sociedade mais igualitária e equilibrada. Ao mesmo tempo em que se era feito o extermínio dos nativos que ousavam resistir ao domínio europeu, aqui era instalado um sistema burocrático português, que não considerava as diferenças gritantes entre as regiões visando adaptar um conceito de “ordem” na lucrativa colônia.
            A responsabilidade desse caos no sistema educacional não se deve somente aos nossos colonizadores, mas principalmente a nós mesmos, que ao longo do período de independência, deixamos esse importante assunto que é a educação para segundo plano, ou pior ainda, utilizamo-nos dela para fazer política.
            Tenho acompanhado diariamente o noticiário com relação ao ENEM (Exame Nacional do Ensino Médio) e definitivamente não sei o que dizer aos meus alunos, que dedicaram e dedicam horas de estudo diárias durante anos. A proposta do ENEM foi excelente, traria uma melhora significativa no processo de avaliação dos alunos como também igualdade de chances de ingressar em uma Universidade Federal de qualidade de nosso país.
            Mas os erros bizarros cometidos pelo INEP (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais) transformaram os sonhos desses jovens em um pesadelo sem fim, o processo seletivo dessa importância, que é realizado somente uma vez a cada ano se tornou uma piada de péssimo gosto para todos os profissionais da área e toda a sociedade brasileira.
            Sobre o conteúdo da prova, recaem diversas críticas pois trabalha padrões diferentes da grade curricular de diversos locais do país, não havendo a possibilidade de fala da mesma língua entre os professores, alunos e os responsáveis pela elaboração da mesma, erro esse que veio sendo aos poucos corrigido com a adaptação dos envolvidos.
            O que realmente revolta não é o conteúdo, mas a forma que o governo se utiliza dessa situação ímpar para se promover diante da sociedade. A proposta de inserir todos os brasileiros no sistema educacional é ótima, mas para isso não é necessária a total banalização do ensino, diminuir o nível do ensino para que mais pessoas consigam ocupar as vagas abertas sem controle nas várias Universidades Federais construídas por todo o país, com o objetivo explícito de fazer número diante da mídia.
            O Brasil chegou a um patamar de desenvolvimento  jamais visto, agora para que subamos mais uma escada nessa evolução, necessitamos acima de tudo de mentes brilhantes, de profissionais de capacidade ímpar, pois um país só cresce através seu povo como bem explicitou Adam Smith. Não é através de cotas segregacionais, que por sinal, jamais deram certo em países que as utilizaram, que conseguiremos esse feito. Conseguiremos um país com a cara do futuro somente através do investimento da educação, mas a educação da qualidade e não da quantidade, da educação que supera os interesses de um determinado grupo político. O gatilho do perigo é muito maior do que imaginamos, já que se definitivamente não houver uma mobilização de nossa sociedade para a mudança desses conceitos, perderemos o “bonde da história” com destino ao desenvolvimento real da nossa nação, que como se é observado ao longo da história, não constuma passar duas vezes.
            Com uma mobilização de âmbito nacional, podemos exigir providências do governo com relação a absurda incompetência apresentada nessa área, e devemos fazer isso, afinal de contas, serve também para averiguarmos o quanto nos mostramos pacionais a essa situação pois sem sombras de dúvidas, O POVO TEM O GOVERNO QUE MERECE!

Por Valdinei Matos''''

Um comentário:

  1. Cara, sensacional, excelente analise dessa falácia q se instalou no governo e que diz priorizar a educação! Onde? Educação é um investimento a longo prazo, temos excelentes exemplos disso, Japão e os tigres asiáticos bateram nessa tecla durantes 50 anos, com reais e maciços investimentos, e o resultado sabemos muito bem! Um país de caráter, onde políticos corruptos tem a decência de renunciar por conta própria. Em uma pesquisa recente afirmam q o ensino superior no Brasil esta atrasado 100 anos se comparado com países super-desenvolvidos como os EUA. A pontos que sim, mas muitos que nos dizem o contrário. Pois estamos 500 anos luz na frente de qualquer nação de não desistir nunca dos jovens e de lhes oferecer um bom ensino. A maior prova são nossos educadores! Continue com seu brilhante trabalho amigo! Abs

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